domingo, 5 de dezembro de 2010

Feliz Ano Velho!

Já diz o ditado, depois da tempestade sempre vem a calmaria. No meu caso depois do acidente veio a calmaria. Todo esse tempo que eu fiquei sem escrever aconteceram muitas coisas e encontros bons, e por isso não deu tempo para escrever aqui.
Fiz aniversário e com ele ganhei visitas e telefonemas de grandes e bons amigos, reencontrei também as amigas do trabalho que estimo muito.
Hoje eu gostaria de escrever algumas coisas de um livro que estou lendo, sobre uma neurocientista que também teve um AVC, porém do lado oposto do cérebro, do meu acidente.
Recentemente saiu uma matéria no Estadão dizendo que é cada vez maior o numero de jovens que sofrem AVC, assim como eu. Só que quando eu cheguei ao hospital, as primeiras perguntas que fizeram com quem estava comigo, era se havia consumido bebidas alcoólicas ou drogas, porque já estava sem me mexer e sem falar, em coma.
Portanto, gostaria de deixar aqui alguns sinais de AVC que pode ser importante, descritos no livro que estou lendo:
Qualquer problema de linguagem;
Qualquer formigamento no corpo;
Qualquer problema de memória;
Alteração do equilíbrio ou da coordenação;
Muita dor de cabeça;
Qualquer problema de visão.
Derrame ou AVC hemorrágico e uma emergência médica.
Então se você presenciar alguém passando por um desses sintomas ligue para uma ambulância, pois a demora no atendimento pode ocasionar a morte.
Outra coisa muita boa para mim depois do acidente foi ter certeza do quanto eu sou querida pelos meus amigos e familiares. Eu já sabia disso, mas agora as demonstrações são mais explícitas e eu também demonstro mais o quanto amo todos eles.
Um beijo, um bom Natal e um Feliz Ano Novo!

Mamãe Regina, irmazinha Núbia, eu e meu noivo Mauro.
Minhas queridíssimas amigas do trabalho. Foto do nosso encontro.

domingo, 17 de outubro de 2010

Obrigada!

Um obrigado pode parecer tão simples, mas para mim e tão importante principalmente porque foi a primeira palavra que eu falei depois do acidente. Muito pouco para eu falar depois de tudo o que fizeram por mim.
Meus progressos estão cada dia melhor. Já voltei a mexer meu braço esquerdo e estou treinando para andar de bengala. Ai sim abandonarei minha Ferrari!
Mas hoje eu queria agradecer a todo mundo que tornou minha jornada mais leve e mais feliz. Aos meus amigos, minha família, ao meu noivo, minhas fisioterapeutas e todos os profissionais que estão envolvidos nessa minha recuperação. Não vou citar nomes, pois tenho medo de esquecer alguém, mas todos são importantes para mim. Eu queria agradecer especialmente duas pessoas, ao meu noivo pelo amor incondicional e a minha mãe pelos cuidados por estar sempre comigo. Não poderia deixar de agradecer meu irmão que também sempre esta ao meu lado. Obrigado a todos vocês que fazem parte da minha vida, por me tornar uma pessoa feliz e completa! Amo muito cada um de vocês. Um beijo!

sábado, 25 de setembro de 2010

Transformação

Há quatro meses sofri um AVC hemorrágico e isso ocasionou várias mudanças na minha vida. Tem gente que pode achar ruim. Mas eu não acho, pois de certo modo me fez enxergar o mundo de uma outra maneira.
Eu precisei reaprender a fazer tudo, a engolir, a respirar e agora estou reaprendendo a andar.
Precisei reaprender a segurar a urina e a tomar água. E descobri que tomar banho de chuveiro é a melhor coisa que tem no mundo e que tomar água pela boca é uma das sensações mais refrescante que tem. Pode parecer estranho falar “beber pela boca” e “comer pela boca”, mas quando estava no hospital, ingeria os alimentos e os líquidos por uma sonda que entrava pelo meu nariz e ia até meu estômago.
Você acaba descobrindo o quanto você é querida e de quantas pessoas que você nem imagina gostam de você e torcem por você. E apesar de eu estar temporariamente em uma cadeira de rodas, não me sinto inferior a ninguém. Pois se todos soubessem de minhas conquistas, iriam ficar orgulhosos de mim como eu mesmo sinto.
Quando as pessoas iam me visitar no hospital, não saiam tristes e sim felizes por que me viam bem, sempre me recuperando um pouquinho por dia.
No hospital é muito impressionante, o carinho que os profissionais cuidam de nos. Sentia-me muito segura, pois sempre estava rodeada da família e amigos, porém batia certa angustia em ver que haviam pacientes abandonados no hospital que não recebia visita alguma.
Ainda não estou mexendo meu braço esquerdo, porque meu AVC foi do lado direito e isso fez com que o lado oposto ficasse paralisado. Mas só de pensar que quando sai da UTI no 21º dia, após o acidente, eu apenas abria os olhos e hoje apenas o braço não meche por enquanto, já me sinto muito vitoriosa, ainda mais depois que o médico que me operou disse que 90% dos pacientes que tem um caso como o meu, não voltam. Pois quando entrei no pronto atendimento em coma com insuficiência respiratória, já em um quadro gravíssimo. Minha cirurgia foi realizada em mais de 5 horas e foi feita no mesmo dia, como emergência.
As pessoas costumam a falar que admiram minha força de vontade, mas eu sempre digo que se eu mesmo não tiver força de vontade, ninguém vai ter por mim.
E se hoje estou viva e quase andando novamente, é primeiramente por Deus que agradeço todos os dias e por méritos meus.
E hoje aprendi que é das dificuldades que você vê quanto é forte. Que não adianta desanimar se não os resultados não acontecem. Ainda mais no meu caso que a fisioterapia é um processo longo para surgir os resultados.
Por isso estou escrevendo aqui para vocês saberem que eu não me sinto triste, pelo contrário me sinto feliz sabendo de tantas pessoas que gostam de mim e estão sempre ao meu lado. E que agradeço muito por estar viva.

Na foto eu, meu noivo e minha Ferrari.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Coisas da vida...

Esses dias parei para pensar nas fases que passamos ao longo dos anos. Quando eu estava no começo dos 20 anos, tudo o que eu queria fazer era aproveitar o máximo possível meus dias: ir a todas as festas possíveis e imagináveis, curtir as baladas da moda com as amigas, sair sempre que surgia alguma coisa (mesmo que fosse todos os dias), fazer passeios malucos, beber horrores, ir para churrascos intermináveis, não me cobrar nada, deixar as coisas acontecerem naturalmente e não me preocupar com o futuro. O presente era o que mais importava.
Agora que estou no final dos 20 anos, as coisas mudaram um pouco - e os valores também. O presente continua importando, mas, por outro lado, também nunca esperei que um dia fosse casar. Aliás, eu sempre falava que não ia casar... bom, muitas pessoas dizem isso e depois acabam mudando de pensamento... ingênua eu de acreditar que isso podia perdurar.... rs!! E hoje me vejo programando e correndo atrás dos preparativos do casamento, buscando ideias de decoração para minha casinha e estou muito feliz de ter assumido esse compromisso. E o melhor, sinto que aproveitei tudo no momento certo da minha vida e agora tudo o que mais quero é ter meu lar, doce, lar, construir uma família, ter um companheiro e ser companheira de alguém para o resto da vida. Tudo me inspira, até a música que está tocando no meu MP3 durante o trajeto para o trabalho. Acho que chegou a hora e tenho certeza que estou fazendo a coisa certa!
Sempre fui uma pessoa de me dedicar e sentir intensamente tudo o que acontece comigo. E é isso que continuo fazendo... assim como me acabo de felicidade, também me acabo de tristeza. Mas também aprendi que o sofrimento, no fim, nos fortalece, nos faz sentirmos mais seguros de si mesmos e nos torna uma pessoa melhor - claro que nem sempre enxergamos isso, mas é tudo uma questão de condicionamento do pensamento, de saber ver as coisas de maneira positiva.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Estreia!

Esse é o meu primeiro texto oficial aqui no blog. Finalmente resolvi criar vergonha na cara e postar algumas das minhas ideias e pensamentos por meio de palavras, não só colocando as matérias que já fiz por ai. Para mim isso é um passo muito importante. Primeiro porque já faz dois anos que tenho esse lugarzinho aqui na web e nunca fiz um texto só para ele. E segundo porque, além de mostrar um pouco do meu trabalho que é divulgado em outros meios, também posso me renovar e criar algo que nunca fiz para ninguém, partindo de um tema que eu desenvolvi e do jeito que eu quiser! E isso é maravilhoso! Então, agora prometo que vou aparecer mais aqui e escrever sobre o que der na telha! :]

Andar de ônibus em São Paulo é uma verdadeira aventura. É sempre o mesmo trânsito, muita gente te apertando, pessoas mal-humoradas que reclamam de tudo, e por ai vai. Mas ontem eu realmente me diverti no caminho de volta para casa.
Chego na Rebouças e me dou conta que, por um acaso do destino, eu não tinha colocado o MP3 no ouvido para me desligar de tudo o que passa ao meu redor como faço todos os dias, e então decidi observar as pessoas. Mal paro no ponto e um agente da SPTrans (que ajuda a organizar as pessoas a entrarem nos ônibus, para que eles não fiquem muito tempo parados), começou a gritar: Jd. Boa Vista, terceiro carro, vaziusasso! Era a deixa para formar uma imensa fila. Primeira sequência de risada da noite. Logo avisto o meu Mercedes, que já vem com motorista e nome, e embarco rápido até e sem muito aperto. Mas, como nem tudo é perfeito, o veículo anda uns 50 mts e já para, ficando uns 15 min estacionado no mesmo lugar, o que parece uma eternidade quando você não vê a hora de chegar em casa. É ai que surge o cobrador, e também a segunda sequência de risada da noite.
Quando o ônibus finalmente aporta no Shopping Eldorado, depois de mais ou menos uns 40 min andando na marcha lenta por um trajeto que deve ter no máximo 500 mts, o ilustre funcionário da viação começa a narrar, literalmente, como se fosse um jogo de futebol: quem vai pegar o trem, a hora é agora! E assim vai, sucessivamente a cada ponto, ele vai identificando para os passageiros o que cada parada tem de especial. Não tinha como não se divertir, e realmente, muitas pessoas que estavam com a cara emburrada e reclamando da vida já estavam melhorando o humor e com certeza iam chegar mais felizes em casa.... acho que o cobrador conseguiu cumprir sua tarefa de animar a galera.
Com isso, minha viagem nem foi tão demorada assim. Aliás, eu também fiquei mais animada e percebi que não é tão ruim assim andar de ônibus em São Paulo. Acho que tudo depende da maneira como você aproveita seu tempo. Eu, por exemplo, resolvi não esquentar com a demora e nessa 1h que levei para percorrer uma distância de 5 km no total, já comecei a esboçar as primeiras ideias para esse post inicial aqui, dei muita risada só observando os outros e ainda pude aprender que a tranquilidade parte de dentro de você, não das coisas que acontecem com você, que ao invés de me estressar com o trânsito, eu posso aproveitar esse tempo disponível de outra maneira.
Estou lendo Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert, e nele ela fala uma coisa muito interessante: "você precisa escolher os seus pensamentos do mesmo jeito que escolhe as roupas que vai usar a cada dia. Isso é uma capacidade que você pode aprimorar. ... Porque se você não conseguir dominar seu pensamento, vai ter muitos problemas pela frente". Acredito muito nisso, no poder da mente e no poder que ela tem de nos transformar e transmitir boas sensações como tranquilidade, alegria, paz e felicidade, algo que a maioria das vezes buscamos nas outras pessoas e nas coisas que acontecem na nossa vida. Mas nunca nos damos conta que esse sentimentos estão dentro de nós mesmos, e só nós mesmos podemos nos proporcionar tudo aquilo que almejamos. Já dizia Dalai Lama: a Felicidade está dentro de nós!

Um ótimo final de semana!

terça-feira, 13 de abril de 2010