terça-feira, 9 de março de 2021

Para um mundo melhor

 2020 foi o ano que o mundo parou, ruas completamente vazias lembravam cenários mostrados tanto na série de TV The Walking Dead, que retrata um apocalipse zumbi, como no filme Ensaio sobre a cegueira, baseado no livro de José Saramago, sobre uma epidemia chamada cegueira branca. E essas duas obras tem muito mais coisas em comum com a pandemia de coronavírus do que apenas o cenário, nas duas um vírus desconhecido causou essas realidades expostas. Na nossa realidade vivida hoje, a pandemia do coronavírus nos trouxe o isolamento, a doença, a morte e  tudo isso aumentou a desigualdade entre as pessoas, fez com que muitas perdessem sua fonte de renda, aumentou também  a distância que separa as pessoas em categorias sociais, "Somos classificados pelo dinheiro", como resume o filósofo Mário Sérgio Cortella. 

Consequentemente, a miséria aumentou, como  aponta o último balanço divulgado pelo Ministério da Cidadania, em que mostra que 14 milhões de brasileiros viviam na extrema pobreza em outubro de 2020, maior número desde outubro de 2014, esse total equivale a 39,99 milhões de pessoas com renda per capita de R$ 89. Além disso, desde o início do governo Bolsonaro houve um salto de 1,3 milhão de famílias em condição de miséria. Eram 12,3 milhões no final de 2018.

  1. Mesmo  com a ajuda do governo federal, que manteve a qualidade e melhorou a vida de muitos brasileiros, mas que  depois do seu término fez com que 69% das pessoas que receberam o auxílio emergencial  não encontrassem outra fonte de renda para substituir a ausência do benefício que acabou no final de 2020, como aponta uma pesquisa divulgada pelo Folha de S. Paulo,  feita entre os dias 21 e 22 de Janeiro de 2021 com 2.030 brasileiros, que mostra também um crescimento mais baixo do que a média nacional para esse ano. 
Em outra pesquisa feita pela consultoria Tendências  que projeta uma queda de cerca de 8% nas rendas dos cidadãos das regiões norte e Nordeste, vemos que muitas pessoas estão com dificuldade de se adaptar a essa nova realidade, ao novo normal como muitas pessoas classificam.
Ainda Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( Ipea), 2,9 milhões de domicílios sobreviveram em novembro, apenas com o valor do benefício.
E hoje, 1 ano  depois do começo da pandemia, 32 milhões de brasileiros foram afetados pela falta de trabalho desde o quarto trimestre de 2020, destes 5,8 milhões desistiram de se inserir novamente no mercado de trabalho, segundo dados do IBGE. 
Já a taxa de desemprego no ano passado foi de 13,5%, a maior da série iniciada em 2012, o número de desempregados no fim de 2020 foi estimada em 13,9 milhões.
Apesar dos números surpreendentes, a pandemia, também trouxe mudanças para a vida em sociedade, o isolamento conseguiu unir famílias, aproximar casais dos filhos, fez com que encontrássemos outras formas de ver os amigos e familiares distantes, seja apenas por uma ligação ou mesmo uma videochamada , pra rever o outro, não pessoalmente, mas ver seu rosto, suas expressões, seu sorriso, fez as pessoas reverem suas prioridades. A escritora Clarice Lispector, em sua última entrevista, no final dos anos 70, já dizia que:  “as coisas mais simples são recebidas com dificuldade.”
Mais ainda ainda, a pandemia fez lojas, bares e restaurantes a adotarem sistemas de entrega e compras online, e as empresas adotarem uma nova forma de trabalho, o home office, em que as pessoas exercem as mesmas funções que estariam fazendo na empresa, só que em casa.
 Em 2019, em uma entrevista ao programa de TV Roda Viva, transmitido pelo Canal Cultura de Televisão, o historiador israelense Yuval Harari fez um alerta para a necessidade das pessoas se adaptarem às mudanças, porque isso vai se tornar cada vez mais constante no futuro, e em 2020 ele diz que: “o perigo não é  o vírus, mas a ganância e a ignorância.”

 

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