O AVC me fez enxergar o mundo e as coisas de uma maneira diferente e mais do que isso, me fez pensar no modo como eu levava minha vida e a primeira coisa, o mais importante de tudo, me fez querer a não ter mais a vida frenética e sem motivo que tinha antes, então, além de toda a transformação que passo diariamente ao reaprender a fazer coisas que parecem simples, eu também promovi uma revolução pessoal em muitas áreas da minha vida. A primeira delas foi deixar de comer carne (eu na verdade eu como apenas peixe, porque preciso do ômega 3 para minha reabilitação, uma vez que o ômega 3, reveste a camada do neurônio, ele é muito importante para mim; mas tenho algumas ressalvas, não como atum porque está em extinção e salmão eu como em raras ocasiões, porque a maioria deles é criada em cativeiro) e aporquê? O primeiro motivo é porque nunca me senti bem comendo carne, sempre me senti pesada, não comia direito. Hoje me alimento bem melhor. Não tenho dúvidas. Outro motivo é tudo o que a indústria dos frigoríficos promove: o desmatamento indiscriminado, a matança exagerada (eu acho que há muito mais carne disponível para ser vendida, do que as pessoas realmente consomem, hoje em dia, tudo gira em torno do dinheiro, não da questão nutricional), se tudo fosse mais controlado, como era feito antigamente, com certeza, tudo seria bem melhor. Mas eu não estou escrevendo isso para doutrinar ninguém, eu acho que cada um sabe de si e eu fiz isso por mim, não para provar nada para ninguém, mas é como eu li uma vez num texto do Gregorio Duvivier, a pior parte de se tornar vegetariano não é deixar de comer carne, mas ter que explicar para os outros porque você parou de comer carne e eu me identifiquei muito com isso, porque eu passei muito por isso. E mesmo não tendo optado por me tornar vegana (que é a pessoa que não consome e nem usa nada de origem animal), eu também optei por rever os cosméticos, a maquiagem que estava usando e até as minhas roupas e hoje não uso nada de nenhuma marca que faz teste em animais. E procuro comprar roupas de marcas com trabalho sustentável, e acima de tudo que não utilizam trabalho escravo. Não vou dizer que doei todas as minhas roupas que não se adequavam a isso, porque não é verdade, ainda não cheguei a esse nível de evolução, apenas não compro mais. E vendo meu feed notícias no facebook ultimamente, sinto que estou cada vez mais no caminho certo.
Primeiro, foi uma amiga assessora de imprensa que postou: que ao assistir o documentário True Cost Movie, ela recebeu o que pareceu ser um soco no estômago, por ter ilustrado aquilo que ela já sabia, mas que ainda não tinha se tocado tão profundamente. " A ganância é câncer desse mundo e domina uma das minhas paixões antigas, que é a moda. Senti nojo da indústria fast fashion, tristeza por ter ficado tantas vezes deslumbrada com tanta oferta de roupas fofas e baratas, na Forever, na Zara ou H&M, chocada com essa sociedade que privilegia as coisas em detrimento das pessoas".
Depois, foi a vez do meu ex-editor postar um texto que fala que hoje em dia as empresas estão cada vez mais valorizando diplomas em Ciências Humanas e porquê? " Graduações liberais tendem a ser mais flexíveis a manter os olhos mais abertos para insights, as ideias que aparecem ao se unir várias pontas soltas nem sempre tão próximas." E mais do isso, a classe criativa superou o resto da economia, crescendo 40%, ligeiramente mais do que a média de 38% das demais carreiras.
E por fim, veio uma amiga também assessora de imprensa que postou um artigo que fala do perfil do profissional do presente: "os profissionais do presente buscam satisfação profissional e pessoal. O mercado do presente é uma troca justa entre empresas e profissionais."
Eles refletem exatamente aquilo que quero para mim agora, uma vida leve, calma, com motivação e sem pressão.

